E AQUI, OS QUE POR CÁ VIERAM UMA, E CONTINUAM VOLTANDO OUTRAS VEZES!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

E cá estou eu, além dos cinqüenta! (5.2 para ser mais exato)

A bela construção do prédio central refletida no lago em frente ao prédio. 
Imagem feita em Piracicaba no parque da ESALQ, 
em 28/08/2011 por Sotnas Odlabu.


O que antes, na juventude,
Só me fazia questionar,
Percebo que sequer podia imaginar,
Tantos eram os sonhos e, algumas ilusões,
Quase impossível eu imaginava,
Viver e aos cinqüenta chegar,
E somente agora posso constatar,
Não que tenha sido eu aventureiro, pois,
Raras vezes agi de maneira atrevida,
Mas, tenho cada lado da face vincada,
São traços, de meu caminhar na vida,
Tentando inspirar sempre confiança
Sem ter pelo maldito dinheiro, ganância
Foi demorado perceber,
E não tão difícil foi entender,
Que se foram os vinte, os trinta e os quarenta,
E agora, ah tempo, por que tão ligeiro,
E cá estou eu, além dos cinqüenta,
Eu negar não, pois sinto saudades,
Quando meus sonhos eram inocentes,
E vivia ansioso pelo futuro,
Sem entender que praticava na verdade,
Meu envelhecimento prematuro,
Hoje, sigo o velho conselho,
De viver cada dia por inteiro,
Assim, como se fosse o derradeiro,
Sempre que me vejo, desejo,
Cheio de saudade, me reconhecer no espelho,
Sendo assim, só o que me resta é,
Tentar fazer que, cada dia, seja uma festa,
E festejando vou vivendo,
E assim sigo aprendendo, ora essa,
Em todo momento de cada dia,
Do tempo que por viver me resta,
Apenas encaro, enquanto em mim
Sentir pulsar a vida,
E viver, ora, somente agora, percebi,
Que desde o início, até o fim,
Se possível comemorar sim,
Sem ter vergonha de agir assim,
Todos os dias de maneira incontida,
Jovem ou idoso, não interessa,
Pois é um divino bem essa vida,
E esse bem, essa vida, é bom à beça!
                                                                                     Sotnas Odlabu

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Somente minhas fronteiras!

Imagem feita por Liza em maio de 2010,
no Pico dos Agudos em Santo Antonio do Pinhal-SP
(Imagens da Liza estão no blog Liza e Sot fotos)


                      Quando criança, por conta da ocupação de meu pai (era sargento do exercito) a família vivia sempre mudando de cidade, e eu sempre que chegava a uma nova cidade, ou até mesmo em outro bairro, na primeira semana era uma tristeza enorme, pois sentia saudades da anterior cidade, dos amigos, principalmente dos amigos.
Passada aquela primeira semana, já acostumado sabia que não teria volta. E assim eu guardava na memória todas as anteriores amizades, e pra não ficar restrito aos limites da nova moradia, que até os quatro anos de idade era a fronteira, e que sempre tive a recomendação de não violar, ou seja, sair dos limites da residência sem a companhia dos pais seria passivo de muitas palmadas. Ah, e devo dizer que as palmadas seriam carícias, fossem elas aplicadas somente com as mãos. Mas éramos criança, talvez por estarmos sempre desafiando tudo e todos, descobrimos, eu e meu irmão que as palmadas com as mãos estavam perdidas no passado, e que muito lamentaríamos. Descobrimos que haviam inventado algo capaz de provocar dor intensa e não parava por ai, nos deixava por alguns dias sem vontade ao menos de pegar no talher para fazer as refeições, pois em nossas mãos ainda restavam os rastros das “palmadas”.
 Nunca pesquisei, pelo motivo de que somente por lembrar aquele objeto de tortura sentia doer às mãos. Mas o idealizador daquela tal de palmatória devia ter mãos feias ou não as usavam pra nada!
  Mas essa fase eu deixo pra outra ocasião. Aos cinco anos de idade eu já freqüentava o que hoje é chamado ensino pré-fundamental, e já lia com muita facilidade todas as letras agrupadas que formavam qualquer palavra, e isso onde houvesse não saia de perto até ter devorado toda a frase.
Sendo assim já cumpria alguns afazeres, como comprar algo na padaria, e claro, doces e balas, estas com as moedas que ganhava com a recomendação de guardar para o lanche!
E quando se está onde não conhece, temos a obrigação de fazer o reconhecimento da área e adjacências. Eu e meu irmão saíamos para explorar o ambiente, saber sobre o local onde ao menos por alguns meses até conhecer seriamos moradores novatos!
E assim a cada dia que saia e andava pelo quarteirão, hora pelo bairro, aos domingos arriscava ir mais longe, ou seja, sai do bairro, o que oferecia certo risco, isso mesmo, quando nos aventurávamos em bairros onde moravam alguns garotos que nos consideravam desafetos, principalmente se alguma menina do bairro deles tinha amizade com os “invasores” e neste caso já sabíamos de antemão que teríamos de estar sem peso extra, pra não deixar as mãos dos encrenqueiros descobrirem a textura de nossos rostos!
Claro que algumas meninas, em comum acordo com os encrenqueiros nos convidavam somente pra ver se éramos “corajosos”. Mas somente após o nosso teste de velocistas é que confessavam, diziam que gostaram de ver que tínhamos muita coragem, e velocidade. Embora em muitas ocasiões não houvesse tempo de provar se éramos ou não velozes, evitar levar e deixar alguns hematomas, e isso me era difícil compreender, pois sempre que nos mudávamos, o ônibus passava por diversos locais em que não havia uma casinha sequer, sendo assim havia bastante espaço para muita gente, então por qual motivo os encrenqueiros não nos deixavam caminhar no bairro onde eles residiam!
 Liberdade. Esta palavra que em alguns provoca sentimentos controversos, porém quando bem interpretada, nos é de incontáveis benefícios!
Foi nesta época que descobri que nós humanos erguemos ou criamos muitas fronteiras em torno de nós mesmos. Ao longo de nossa existência são várias as fronteiras criadas. Descobri naqueles testes de velocidade, ou mesmo nos hematomas que algumas fronteiras são desnecessárias, mas somente vamos descobrir isso mais tarde. Ou seja, descobrimos que exercer nossa liberdade sem responsabilidade nos proporciona inúmeros dissabores, quando em nossa liberdade invadimos a liberdade do próximo, erguemos uma fronteira limitadora no próximo. E como ninguém jamais suporta viver sob limites extremos, sabemos que nada de bom resultará.
Era assim quando eu era criança, o meu bairro era meu mundo, e eu já considerava enorme, até conhecer todos os habitantes, após esta fase, eu tinha sonhos terríveis.
Pois me sentia sufocado em somente conviver naquele espaço, sentia a necessidade de ampliar minhas fronteiras, ou seja, adquirir mais conhecimento conhecendo outros bairros outras cidades.
E isso somente viria acontecer muito mais tarde, Como vê sinto muitas saudades dos velhos e bons tempos, onde as brigas de garotos não terminavam em cemitérios, ou mesmo em cadeiras de rodas, ou, bem o fato é que raramente ficavam mães chorando a perda de seus filhos, como vê, tínhamos liberdade, e respeito pela liberdade do próximo, e isto é algo que já não se pratica tanto nos dias de hoje, o respeito pelas fronteiras de cada um! Percebi isto naqueles tempos, com aquelas minhas “experiências” e também com as palavras de meus pais, que sempre me diziam, se você quer ser respeitado, respeite. E eles estavam certos, pois sempre foi dessa maneira, se quer ser amado ame, nesta existência é tudo um dar e receber, não se pode exigir algo de outro se não agirmos de acordo. Percebi naqueles terríveis sonhos em que me sentia sufocado, limitado, que, era eu mesmo que erguia minhas fronteiras, e mais tarde descobri que somente eu mesmo posso ampliá-las. E devo confessar que me fez um bem enorme descobrir que aqueles, eram os meus limites, eram somente minhas fronteiras!  Ainda bem que percebi quais eram os meus limites!
                Sotnas Odlabu     

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

CRIATURA ESTÚPIDA

Imagem feita no Pico dos Agudos em Santo Antonio do Pinhal - SP
em 06/08/2011, por Sotnas Odlabu.



Olá amigos e amigas, estive afastado por conta 
desta máquina que torna possível
esta minha exposição de meus singelos 
pensamentos, este tal computador, ou, como
costumam chamar, o conhecido PC, que pra meu 
contentamento está de volta, são e salvo!
Desculpem o sumiço! 
No início, um ser supremo criou este planeta,
Criou também o fogo, a água, e o ar,
Então descansou, e em seu momento de descontração,
Ele criou os animais e toda a vegetação,
E descontraído ele teve a inspiração, criou o homem então,
E ensinou sua criação como amar ao seu criador,
E sempre amar ao próximo como a si próprio,
Assim vivia feliz a criatura, até que um dia,
A criatura sentiu certa insatisfação,
Sentiu a inveja, e também o frenesi da ganância pelo poder,
Assim deu-se esse início, e o criador presenciou,
Sua mais inteligente criação criar uma das suas,
Talvez a maior estupidez humana,
O homem criou a guerra,
E com isso esta criatura,
Está destruindo todas as criações do supremo,
Tal qual ele mesmo criatura, e seu habitar,
Este tão belo planeta azul chamado Terra!
Sotnas Odlabu

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Das vezes em que ele sobreviveu!





Imagem feita por Sotnas Odlabu na metade dos anos noventa mais ou menos.
Em um sítio em Pedro de Toledo-SP.
Não está tão nítida, mas, é uma bela imagem. E a  original é em papel, copiada 
de negativo.




                   Ele ouviu a esposa chamá-lo, abriu os olhos e notou a preocupação na face da esposa que o acordou.
Levantou-se de pronto e a esposa lhe disse que seria preciso levar o filho ao médico, pois ele estava muito agitado, e não conseguia dormir com aquela crise de rinite ou bronquite. Ele rapidamente visualizou o relógio e percebeu que após cinco minutos seriam quatro horas da manhã, e ele precisava ir para o trabalho as sete, correu ao banheiro lavou-se rapidamente e vestiu-se. Naquela época não tinham telefone. Sendo assim saíram os dois caminhando pelas ruas iluminadas pelas fracas lâmpadas e escura sob as árvores que produziam sombras.
Moravam numa cidade pequena, no entanto há hospitais, comércios, e varias outras comodidades de uma grande cidade.
E naquela época ainda tínhamos acesso ao serviço de saúde publica oferecido em vários hospitais particulares. Enquanto caminhavam, o pai carregando o filho nos braços ia pensando na história que sua mãe havia contado, sobre um pequeno garotinho recém-nascido que a mãe teve de deixar com a irmã mais nova, pois precisava ajudar os pais na roça.
Ele lembrou que após aquele dia, aquela mulher enfrentou tudo e todos para manter a vida do filho, o primeiro filho dela com aquele sargento do exercito.
Assim enquanto caminhava para o hospital próximo, naquela madrugada de agosto de 1982, ele seguia pensando nesta história, pois ele havia aprendido que os pais sempre devem proteger os filhos. Ele sentia orgulho daquela mulher que enfrentou todos pela vida do filho.
Sua mãe lhe contou que estava casada com aquele sargento do exercito, e como ele somente aparecia em casa nas folgas, e ela ficava muito tempo só com o filho, assim foi morar com os pais enquanto o bebê não tinha seis meses, e em qualquer emergência haveria alguém por perto.
Porém naquela época, as pessoas que moravam na roça, também trabalhavam na roça. E um dia aquela jovem mãe foi ajudar os pais na roça e deixou a sua irmã mais nova cuidando do seu filho com alguns meses de vida, deixou todas as instruções para a alimentação da criança, e deixou também a alimentação toda pronta. E foi ela para o trabalho com os pais, ela não devia se preocupar, pois sua irmã estava cuidando do seu filho, o sobrinho.
Nem de longe ela imaginava o sofrimento que aquele gesto provocaria em sua vida.
A tia brincava com o pequeno, mas, criança parece que tem um relógio no estômago, e sempre nos mesmos horários diários pede pra ser alimentado. Quando a criança que sorria com as brincadeiras após acordar de breve sono, iniciou um choro, ela ainda tentou agradar, sem, no entanto conseguir, então se lembrou da mamadeira que já estava pronta, era necessário somente aquecer e entregá-la ao pequeno para que ele saciasse a sua não tão pequena fome. Atrapalhada com o choro da criança a tia nem se deu ao trabalho de verificar se o alimento estava perfeito para o consumo do pequeno sobrinho. Aquecido o recipiente com o alimento ela apalpou e considerou na temperatura exata, e lá se foi ao quarto e posicionou o alimento junto à boca da criança que, ávida segurou com as duas mãos a mamadeira e iniciou com satisfação a degustação de seu saboroso alimento.
E na noite daquele mesmo dia começaram os transtornos com a vida daquele pequeno, quando a mãe voltou do trabalho a criança estava inquieta, choramingava a todo instante, e na troca de fralda a mãe percebeu que algo estava errado com seu filho, as evacuações do pequeno indicavam que havia um desarranjo intestinal. Quando perguntada se havia acontecido algo com a criança a tia disse que não se lembrava de nada que houvesse acontecido. Porém ela se esqueceu de dizer que após o pequeno deixar metade do alimento ela abriu o recipiente e despejando fora o alimento percebeu que não estava bom, parecia estragado. Assim ela com receio de sua irmã bronquear ocultou esta informação.  
Aquela primeira noite após ingerir o alimento estragado foi o início da tormenta que viveria aquela jovem mãe e seu pequeno filho. Que o pequeno fora envenenado por uma simples refeição deteriorada, e por um descuido sua jovem tia havia permitido que o pequeno faminto ingerisse. A jovem mãe não conseguiu dormir, a todo instante o pequeno chorava com dores e ela levantava, preparava chá e dava para o filho, amenizada a dor o pequeno cochilava e logo em seguida acordava com as dores novamente.
E assim foi findando aquela noite, e amanhecendo o dia a mãe foi com a criança ao hospital na cidade que ficava distante. Chegaram ao início da tarde e depois de atender e examinar a criança, o medico disse que desconfiava de intoxicação, algo que ele ingeriu e não fez bem.  Era o ano de 1959. E a medicina ainda não havia alcançado o estágio que conhecemos nos dias atuais. E assim a criança cada dia piorava o estado de saúde, e a cada médico que era consultado, sempre o mesmo procedimento, uma medicação pra tirar a dor e a frase que não havia mais nada a ser feito a não ser aguardar a reação do organismo da criança. E aquela situação estava deixando aquela jovem e inexperiente mãe com um enorme desespero, não sabia o que fazer para que o filho deixasse de sofrer, já há uma semana que a criança não conseguia se alimentar direito, pois tudo que ingeria retornava em seguida até os remédios!
E no afã de conseguir curar o filho ela peregrinava de cidade em cidade, e sempre com o mesmo diagnóstico, e ela segue, de povoado em povoado, era noite quando ela iniciou uma viagem de canoa para a cidade onde seu marido, o pai da criança estava a trabalho, um quartel do exercito, lá havia um médico, que prestava serviço no quartel, e na cidade anterior o medico havia dito a jovem mãe que aquela criança talvez não resistisse à viagem, e ela chorava e rezava para Deus, naquela canoa a navegar por toda a noite ela pedia que o criador não lhe tirasse o filho, e olhava para a criança que nem mais força tinha pra chorar, pouco se movia e quando o fazia era um movimento tão lento e deveras moribundo, e estava tão desnutrido, que era possível contar os ossinhos de sua pequena estrutura, os pequenos olhos dentro das órbitas pareciam sem vida, e a mãe o segurava com todo cuidado com receio de quebrar qualquer membro daquele pequeno que lutava pela vida. Ela já havia pedido para o pai ser avisado, e ele pelos relatos recebidos já havia encomendado a pequena urna onde o pequeno corpo seria acomodado e todos os procedimentos. Estava tudo encaminhado, somente queria ouvir a ultima palavra do médico do quartel, que era um senhor com certa idade. Foi com alegria que a jovem mãe percebeu um leve movimento do pequeno que carregava nos braços, e olhando ao longe percebeu que estava amanhecendo, graças a Deus, ela disse, aquele médico estava errado, Deus é mais poderoso, e vai manter meu filho vivo. O sol já se mostrava alto, naquela manhã de novembro de 1959 ali naquela cidade do sertão nordestino, haviam chegado poucos minutos atrás, e em uma carroça ela se dirigia ao quartel onde se encontrava o pai de seu filho, e também o médico que por insistência da jovem mãe o pai havia pedido para que ele atendesse o pequeno, caso pudesse fazer algo pra ajudar, ou assinasse a certidão se assim fosse necessário.
Quase uma hora depois a esposa daquele sargento chegou ao quartel carregando aquele pequeno corpo quase sem, porém ainda restava um sopro de vida, e ele lutava bravamente por ela.
Minha senhora, minha senhora, ela ouviu chamare-na, bem longe, pois estava com sono, e não desviava os olhos do pequeno estendido naquela maca na sala de consulta. Senhora! E foi então que ela se deu conta que o velo médico a chamava para dizer o que pensava do caso.
Ele foi logo dizendo. Não quero enganar a senhora, mas, quando eu era jovem e estava estudando medicina houve um caso parecido com o de seu filho, e havia um rapaz que estudava na minha turma que tentava desenvolver remédios caseiros, pois ele estava acostumado a viver longe da cidade e presenciava uma tia dele fazendo chás estas coisas de pessoas que vivem longe de médicos e hospitais!
Pelo que ele me disse a criança estava também já beirando o outro lado. Ele perguntou para a mãe se ela tinha o cordão umbilical da criança. Ela respondeu que sim, então ele disse a ela para levar o filho para casa e pegar um pedaço do cordão umbilical, ferver com um pouco de água e depois que esfriar fazer com que a criança bebesse ao menos algumas gotas, sempre que ela tentar chorar, ou desejar comer algo a senhora de este chá. Durante um dia e reze muito se souber.
O marido tentou demovê-la desta tentativa, pedia que ela deixasse a criança morrer em paz, mas ela disse que o filho dela não ia morrer naquele momento por que não era a vontade de Deus.
Foi para casa com a ajuda de um transporte do exercito ela conseguiu chegar ao final de um dia e meio. Foi onde havia guardado o “umbigo” do bebê, fez como recomendou o médico, esfriou e pegou um pano molhou a ponta e passou nos pequenos lábios rachados de seu pequeno filho que ainda por vontade de Deus resistia, não tinha sequer força para abrir a boca, então ela espremia o pano e o liquido escorria para dentro da boca o menino, repetiu até que considerou uma dose de medicamento, ou uma a quantidade de pequena colher. E deitou o pequeno na cama e deitou-se ao lado, o pequeno dormia e ela caiu no sono também ao lado do filho.
De repente acordou assustada, pois imaginava ter ouvido um choro de criança, ou algo parecido, haviam se passado mais ou menos três horas desde que deu o chá ao filho, ele estava resmungando como se chorasse, mas foi ela que chorou, pois havia dias que não escutava qualquer som vindo do filho, rapidamente levantou-se e foi até a cozinha, pegou mais um tanto de chá e voltou, só que desta vez com uma colher pequena, ela fez com que o pequeno ser sorvesse pequenas quantidades do remédio, após alguns goles de criança, pois uma gota parece que vai sufocar estes pequeninos, ela imaginou que ele havia engolido mais ou menos uma dúzia de gotas, e mais pela fome que sentia, pois a careta que fazia a cada gole era de fazer rir, pois é ela ria das caretas que aquele pequeno que muitos diziam morto dois dias atrás, aquele pequenino ser que ela amava mais que a ela mesma, que não olhava mais pra ela e ria dois dias atrás, e que agora já não tinha os pequenos lábios rachados. Pois agora naqueles pequeninos olhos brilhava novamente uma centelha de vida, movia com certa dificuldade os pequenos braços e pernas, esboçava um choro, e quando olhava para aquele rosto que ele conhecia desde o primeiro dia de vida, sentindo aquelas carícias daquela dedicada mãe, ele já esboçava um pequeno e discreto sorriso, mas ainda estava sentindo muita fraqueza, e assim embalado pelo canto de sua mãe, que na verdade rezava ele dormiu novamente. A mãe aproveitou e mandou recado para o pai do menino, ele devia devolver a pequena urna, pois não ia precisar, não para o filho dela, e assim que ele pudesse viesse ver o filho. Um filho do qual ela se orgulhava por ter lhe dado a vida, pois ele era um lutador e merecia estar vivo.
Dois dias após as primeiras gotas ingeridas daquele chá, o pequeno já estava mamando novamente, sorria quando sua mãe lhe aplicava cócegas com o nariz em sua barriga na hora do banho, e quando sentia fome chorava. E assim enquanto se dirigia ao hospital com o filho nos braços ele repetia para si, que aquela foi sua segunda vitória pela vida como ser humano, pela segunda vez ele nasceu, houve outras mais recentes, no trabalho. Antes de se casar com aquela que caminhava ao seu lado ele estava na linha de tiro de um bêbado, pois o alvo estava atrás dele e não foi alvejado. Somente Deus pode explicar às vezes em que ele havia renascido. Era mesmo como dizia a sua mãe, ainda não era o momento de partir. Foram pouco mais de quinze minutos de caminhada até o hospital, e chegando lá após o atendimento, o médico receitava algum medicamento e, indicava lá mesmo outro medicamento, injeção e inalação, e após quarenta minutos deixaram o hospital levando o filho, já bem melhor, dormindo o sono dos anjos, e voltando para casa ele percebia na fisionomia da esposa certo alívio, apesar do sono, então ela e o pequeno deitavam e dormiam e ele, vestia-se para enfrentar outro dia de trabalho, com muito sono e cansaço, porém contente por saber que estava tudo bem com ela e o pequeno. Naquele momento, ele ia para o trabalho tranqüilo, e digo que houve muitas repetições deste episódio, tanto com este primeiro filho quanto com o segundo. E tudo por conta da natureza, da tal de genética, que os dois filhos daquele casal herdaram, e junto uma, tal de rinite também, e quando ela se manifestava, a solução era inalação, tanto que no ano seguinte devido às constantes crises, foram obrigados a adquirir um aparelho de inalação para não ter que sair correndo madrugada afora para hospitais, e não ter que ir trabalhar sem sequer ter dormido!
Como vê, uma mãe passa por situações de extrema complexidade, e pensar que após todo este trabalho, ela recebe em troca daquele filho uma enorme ingratidão, eu imagino que dor aguda e mortal deve sentir todas as mães nestas situações, penso que ela vai morrendo aos poucos por cada atitude ingrata que recebe de um filho, nenhum pai ou mãe fica contente em observar o filho sofrer, mas há certos momentos em que é preciso, para que eles aprendam como se vive!   
Hoje aquele garoto que era carregado pelo pai em plena madrugada presencia os filhos querendo construir família, e fica imaginando que sua mãe deve ter pensado o mesmo, como o tempo passa depressa. É tão curto e passa tão ligeiro, e o pior é que na maior parte dele somente a mãe esteve presente, pois ele estava mais trabalhando, mas o tempo que pode estar com eles, esteve, e foram momentos tão bons e inesquecíveis, pois aprendeu muito com os filhos, tanto quanto se divertiu, e ainda se diverte. Pois não deixou partir aquela criança que sempre fui, e que traz consigo sempre, e disposto a brincar de viver, a todo instante!
                                                                       Sotnas Odlabu

   

 

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Nem sempre nos é doado, o mesmo que doamos!

Imagem feita em Itatiba-SP,
no ZOOPARQUE da cidade em 10/07/2010 por
Sotnas Odlabu



Ingratidão,
É uma palavra que termina em ão,
Dando-nos a idéia de amplidão,
Que o mal é de enorme vastidão,
Que em nosso ser vai causar enorme devastação,
E não tanto como palavra,
Mas sim como ação,
A malvada causa em quem a recebe,
Enorme estrago no coração,
E não é tudo, não
Quase sempre ela faz dueto com a decepção,
Não fosse o bastante,
Imagine insuportável dor quão,
Esta dupla nos visita,
E te fazendo parecer inadvertido,
    Trazidas por ser querido,
Sangue, do meu próprio sangue,
Deveras decepcionante!
 Sotnas Odlabu

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